A saúde pública do Distrito Federal mais uma vez foi tema de debate na Câmara Legislativa. Na sessão ordinária desta terça-feira (11), diversos distritais discorreram sobre a crise da saúde na capital e externaram o receio de uma possível greve dos técnicos de enfermagem, anunciada pela categoria para ter início na próxima segunda-feira (17).
Dayse Amarilio (PSB), que é enfermeira obstetra, também se manifestou em plenário. Segundo a parlamentar, “a saúde não é um debate ideológico e nem pode ser”.
“Estou bastante preocupada com a situação da saúde pública do DF, pois o que está difícil pode piorar. Nós já estamos vivendo um problema na saúde muito sério e um problema que só não está pior, em razão dos profissionais da enfermagem do Distrito Federal. Profissionais que têm sido muito comprometidos, muito fortes e que tem realmente sustentado o serviço de saúde aqui no DF, disse Dayse. “ Nós vimos as dificuldades que temos enfrentado. Na própria UPA do Recanto das Emas a situação continua séria. Há falha de comunicação entre a Secretaria de Saúde (SES), o Instituto de Gestão Estratégica (Iges) e as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs). E aí, além de tudo isso, os profissionais de saúde ainda veem estampado nos portais de notícias: “É preciso atirar na cara de quem para ser atendido?”. É isso que nós, profissionais de saúde, vivemos diariamente quando precisamos falar para os pacientes que não há atendimento, ou que estamos atendendo em bandeira vermelha e daí por diante”, lamenta a parlamentar.
Profissionais que seguram a saúde pública do DF – Para ela, o momento é delicado. A distrital afirmou estar bastante preocupada com a sinalização de uma greve dos técnicos de enfermagem no DF.
“Tenho certeza que os técnicos de enfermagem não querem fazer uma greve. Quem é que quer fazer uma greve? Mas infelizmente, é importante dizer que essa categoria é uma categoria que desde 2014 nunca foi olhada com o cuidado que merece. Uma categoria que teve uma reestruturação nominal, mas não teve uma reestruturação orçamentária e que, infelizmente, recebe um tratamento que não conseguimos entender. Infelizmente, há um tratamento que privilegia algumas categorias em detrimento das outras e isso, como Câmara Legislativa, não podemos deixar acontecer”, diz Dayse.
A distrital ainda destacou que hoje a categoria dos técnicos de enfermagem é a única categoria que demora 25 anos para chegar no topo da carreira, enquanto as outras categorias atingem o topo com 18 anos de serviço público.
“Precisamos ter respeito por uma categoria que segurou sim a pandemia, segurou uma crise sanitária de Dengue importantíssima e tem segurado a saúde pública no Distrito Federal”, ressalta. “Nós vemos que o dimensionamento não é obedecido. O técnico de enfermagem deveria ficar com dois pacientes, mas em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) fica com cinco. Num pronto-socorro o técnico de enfermagem deveria ser responsável por 10 pacientes, mas acaba ficando responsável por 30, às vezes 40 pacientes e os profissionais vivem assim. Então, é necessário ter sensibilidade”, completa.
Negociações – Para Dayse, tratar uma categoria como os técnicos de enfermagem sem nenhuma contrapartida, sem respeito, sem negociação, sem uma proposta, sem uma sinalização é extremamente preocupante.
“Hoje, a categoria se manifestou em frente ao Buriti, mas não foi recebida e não teve nenhuma resposta em relação a alguma possibilidade de acordo”, constatou. “ Se uma greve dos técnicos de enfermagem tiver início no Distrito Federal a partir de segunda-feira(17), eu tenho medo do que vai acontecer. Porque o que está ruim vai se transformar numa verdadeira zona de guerra. Se esses profissionais pararem, eu não sei o que pode acontecer no Distrito Federal. Então, a gente precisa ter respeito com essa categoria, conversar e intermediar essa negociação”, completa.
A distrital disse ter ficado impressionada com o posicionamento do Executivo e destacou que não irá se furtar de lutar pelos técnicos de enfermagem.
“Não vou me furtar de lutar por essa categoria, da mesma maneira que tenho lutado pelas diversas categorias, em especial a enfermagem, que é tão subjugada, tão desvalorizada, que tem sustentado sim o Sistema Único de Saúde (SUS) nesta capital. Então nós vamos, se preciso para a luta, e se não houver negociação, infelizmente a enfermagem vai parar!”, concluiu.