Em solenidade prestigiada, Dayse Amarilio é empossada como Procuradora Especial da Mulher da CLDF

A solenidade de posse da deputada Dayse Amarilio (PSB) à frente da Procuradoria Especial da Mulher da Câmara Legislativa, nesta sexta-feira (23), atraiu ao foyer do plenário autoridades, representantes de coletivos e de fóruns de mulheres, autoridades e interessados na temática.

Emocionada, a parlamentar apresentou o espaço como “uma trincheira num espaço de luta e resistência”.
“Ouso dizer que nunca a existência de uma procuradoria da mulher foi tão pertinente. Estamos morrendo todos os dias. Segundo dados do Laboratório de Estudos de Feminicídios da Universidade Federal de Londrina, foram 1491 feminicídios até novembro de 2023 em todo o Brasil. Aqui no Distrito Federal, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública, foram 17 feminicídios em 2022, 34 feminicídios em 2023 e 3 feminicídios até agora em 2024”, disse Dayse.

Na ocasião, a distrital destacou que essa causa irá nortear sua passagem por este espaço de poder: “a luta sem trégua contra o feminicídio que assombra a todas nós, mulheres”.

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Leia o discurso de posse da nova Procuradora Especial da Mulher da CLDF na íntegra:

Foto: Ísis Dantas

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados e demais presentes.

Não sei o que me espera nos dias de mandato que virão, mas posso dizer que, desde o momento em que comecei a exercê-lo, sem dúvida, hoje é o dia mais emocionante.

Ao me preparar para vir para cá, passou um filme na minha cabeça.

Lembrei da minha infância em um lar que não faltou amor, mas que também, como em milhares de lares brasileiros, não faltaram conflitos e contradições. Ainda adolescente, me vi na função de mãe da minha mãe, que padecia de alcoolismo.

Muito cedo entrei no mercado de trabalho, vendi marmita, fui cobradora de lotação, distribuí panfletos. Para mim, nunca faltou disposição para vencer.

Lembrei que, para economizar, cansei de dormir na biblioteca da UnB. Fui a primeira residente do curso de enfermagem. Me formei. Passei em um concurso público. Tornei-me também professora. Sobrevivi.

Tive a honra de representar, como presidente do sindicato dos enfermeiros, a categoria que me confiou este mandato.

Fui eleita majoritariamente por mulheres. A força que constrói diariamente a saúde pública brasileira é feminina. E quando fui às ruas em campanha, eram, sobretudo, mulheres que me abraçavam e me olhavam nos olhos com confiança e esperança de que eu pudesse fazer a diferença.

E hoje, estou aqui tomando posse à frente da Procuradoria Especial da Mulher, e eu não vou decepcioná-las!

Quero parabenizar e reconhecer o trabalho das honrosas deputadas que passaram por esta casa, como a Deputada Rejane Pitanga, autora do Projeto de Resolução que criou a Procuradoria Especial da Mulher em 2013; a deputada Luzia de Paula, primeira procuradora; Deputada Telma Rufino; Deputada Celina Leão; Deputada Júlia Lucy; e a querida colega Deputada Doutora Jane, todas titulares da pasta. E a todas as outras parlamentares que deram suporte para o fortalecimento destas gestões que passaram.

A Procuradoria Especial da Mulher não foi pensada para contemplar gênero, muito menos para servir a arranjos políticos. Ela foi pensada para ser uma trincheira, um espaço de luta e resistência. É um enclave de sensibilização do parlamento e formulação de legislação e políticas públicas que nos tire da condição de alvos fáceis da misoginia e da violência.

Ouso dizer que nunca a existência de uma procuradoria da mulher foi tão pertinente. Estamos morrendo todos os dias. Segundo dados do Laboratório de Estudos de Feminicídios da Universidade Federal de Londrina, foram 1491 feminicídios até novembro de 2023 em todo o Brasil. Aqui no Distrito Federal, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública, foram 17 feminicídios em 2022, 34 feminicídios em 2023 e 3 feminicídios até agora em 2024.

E é essa a causa que vai nortear minha passagem por este espaço de poder: a luta sem trégua contra o feminicídio que assombra a todas nós, mulheres.

Chega de sermos estatísticas. Não somos números. Somos mães, filhas, trabalhadoras, cidadãs e merecemos respeito dos homens e proteção do Estado.

Chega de pedirmos permissão para viver. Queremos vida e tudo que dela temos direito, e queremos agora!

Neste instante, de maneira institucional, à frente deste importante espaço que é a Procuradoria, junto-me a todas que, no Poder Legislativo, Executivo, Judiciário e, sobretudo, na sociedade civil organizada, nos meios de comunicação e no debate acadêmico, fazem diariamente o enfrentamento ao feminicídio.

Junto-me também as mulheres do Projeto Flor de Maio, aqui presentes, representando todas as mulheres vítimas de violência no Distrito Federal. Assim como a professora Érica Tainá, sobrinha de uma de nós, mulheres, que perderam a vida de forma violenta pelo feminicídio. Saibam que minha passagem pela procuradoria só fará sentido se essa gestão for construída com as mãos, o olhar e coração de vocês juntas comigo. Eu sou porque nós somos.

Iremos para dentro das escolas com o apoio e entusiasmo da combativa secretária de Educação, Sra. Hélvia Paranaguá, para que sensibilizemos, desde a sala de aula nossas novas gerações de meninas e meninos para importância do respeito e da proteção às mulheres. Como professora, acredito fielmente no poder da Educação como ferramenta eficaz de prevenção.

É hora de todos nós, homens e mulheres, assumirmos a responsabilidade por uma vida em sociedade que garanta a nós, mulheres, a possibilidade de viver em plenitude. O contrário disso é a barbárie e não a civilização. E isso nada mais é que nosso direito e não um privilégio.

Nós brasileiras e brasilienses merecemos viver e amar como todas as outras mulheres do planeta. Porque é preciso ter força, é preciso ter raça. É preciso ter gana sempre! É preciso ter sonho sempre!

Muito obrigada.

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